Receita para conseguir um bom emprego: ganhe fluência em inglês.
Conhecer uma segunda língua é possuir uma segunda alma. Essa é a opinião de Carlamagne, o Rei Carlos, o Grande, que viveu no início da idade média e plantou os fundamentos para a criação da França e da Alemanha.
No Brasil da crise, conhecer o Inglês, além de facultar esta segunda alma, permite conseguir um emprego melhor.
Acho que você sabe disso, mas diversos estudos demonstram a importância do inglês para o mercado de trabalho. Isoladamente, este é o fator mais importante da empregabilidade no Brasil. Estes estudos mostram que a fluência no idioma de Shakespeare reduz para metade o tempo de busca de emprego. Outra coisa, ser fluente em inglês também pode ser determinante para que seu salário seja maior. A revelação veio na 52ª edição da Pesquisa Salarial, divulgada pela Catho. Um profissional em cargo de coordenação, por exemplo, ganha 61% mais que uma pessoa na mesma função, mas que tenha apenas o conhecimento básico da língua. Se não tiver nem o básico, suas chances de conseguir a vaga são praticamente nulas, na medida que há muita gente que tem conhecimentos básicos de inglês e está disputando os empregos.
Em cargos de diretoria, a diferença de salário entre alguém que fala inglês com boa fluência e um profissional sem essa habilidade é de 42%, segundo a pesquisa. Para os cargos de gerência e de supervisão, a diferença é de 57% e de 43%, respectivamente.
Como seria de esperar, quanto mais alto o nível hierárquico, maior o percentual de pessoas que dominam o idioma, mostra o estudo. No caso das promoções, tudo o mais equivalente, um bom domínio do inglês dobra as chances de um candidato ser o escolhido. Mesmo em níveis intermediários, os salários são, em média, 45% maiores.
Portanto, se você está buscando melhorar sua empregabilidade, o melhor investimento de seu tempo será aquele dedicado à conquistar a fluência no idioma do autor de Romeu e Julieta.
I – Como melhorar seu inglês
Línguas se aprendem ouvindo, falando, lendo e escrevendo. Nesta ordem. Existem muitas formas de você melhorar seu conhecimento e fluência no inglês.
Na China, um país que anseia por sua integração ao mundo, existe uma instituição nacional: as “English Corners”. São pontos de encontro de gente de todas as origens e de todas as idades que vão lá, nas sextas feiras à tarde, para praticar seu “inglês oral”. O mais conhecido destes pontos é o Portão de Entrada Este da Renmin University, em Pequing.
Ir à China praticar inglês não parece sensato. Mas você pode fazer um intercâmbio pelo YFU, fazer um curso de imersão em Nova York ou Londres ou Toronto ou, ainda, ir a Sydney e aprender localmente. Você pode optar por um dos inúmeros cursos oferecidos aqui no Brasil, tanto básicos como avançados. Mas não são opções para todo mundo: além do custo elevado, demandam um tempo que você talvez não tenha. Por outro lado, com boa vontade tudo tem jeito: uma boa solução seria juntar um grupo de amigos para exercitar o idioma: o custo é zero e o resultado é garantido.
Mas antes de praticar para obter fluência, você precisa de um patamar mínimo de conhecimentos. O que vamos apresentar aqui são algumas alternativas práticas, eficazes e virtualmente sem custo, que podem ajuda-lo no aprendizado de inglês. Desde que você queira, tenha acesso à internet e ao Google e se disponha a estudar com método e disciplina.
- Uma língua é um código
Para começar, é importante compreender que um idioma vem a ser o método de comunicação humana que consiste no uso de palavras para expressar o pensamento de uma forma estruturada e convencional. Um língua é um código.
Saussure, o criador da Linguística Moderna, propõe que uma língua é um processo de comunicação que não se dá somente pelo uso das palavras, mas também por gestos, olhares, roupas, cortes de cabelo e quaisquer elementos que possam ser usados como signos. A partir desta linha de pensamento, ele propõe que a Linguística seja incorporada por uma ciência mais ampla: a Semiologia. Esta ciência, também denominada Semiótica, estuda como nos expressamos e como lemos, captamos e entendemos os demais seres humanos por meio da linguagem, dos símbolos e dos signos.
A contribuição desta abordagem é nos fazer perceber que uma língua é um todo que vai além de um vocabulário, que vai além dos meandros gramaticais e reveste de significados esta segunda alma a que aludia Carlamagne.
O que sabemos é que o aprendizado de uma língua fica mais fácil se, ao lado das palavras, pudermos sentir as emoções que elas suscitam. A memória é mais permeável às emoções do que às repetições. As palavras, imantadas pela emoção, são atraídas para o interior da segunda alma, onde se fixam como ímãs de geladeira: visíveis e fáceis de achar. Aprender uma língua é mais fácil, assim, se você aprender a imantar as palavras com a emoção do seu significado.
Para obter fluência, entretanto, é preciso que sua mente “pense” em inglês. Demora um pouco chegar neste nível, mas o importante é praticar todo dia. A estrutura da língua, a ordem da palavras, a flexão dos verbos e as expressões idiomáticas devem se encaixar e formar um quebra cabeças de modo a ir criando as frases e dando sentido ao conjunto.
O ideal é alcançar um estágio de “espontaneidade”, uma expressão criada por Moreno para definir o desempenho mais fluído e natural que decorre da participação do subconsciente em um dado papel ou uma dada atividade, inclusive no processo de usar uma língua. O subconsciente entra em ação quando está suficiente treinado. Portanto, para obter fluência em inglês é preciso treinar o uso da língua até automatizar as respostas. Mas é preciso que o exercício da língua se assemelhe ao contexto de sua utilização no palco do mundo real. Como o cérebro não faz distinção entre o uso no mundo real e o mundo representado, a simulação é eficaz na preparação da mente. Se um simulador funciona para ensinar um piloto a pilotar um avião, também pode ensinar você a usar uma língua. O que é preciso é que a simulação contenha os ingredientes da emoção e de entrega psíquica ao papel ensaiado. Mesmo que você não disponha de uma mesa de escritório para simular uma entrevista, a mesa da sala de jantar serve perfeitamente: coloque a foto de um executivo na sua frente e faça a si mesmo as perguntas de um entrevistador. Sinta a emoção. E permita que seu subconsciente tome o controle. Se quiser gravar para análise, espere para fazer isto quando você achar que já está pronto. Deixe a natureza seguir seu curso e complete sua curva de aprendizado. Não existe motivo para você se auto depreciar prematuramente. Outra coisa: divida seu teatro de entrevista em etapas e avance um passo de cada vez. Primeiro treine e domine a abertura, a entrada, o contato com os olhos, o aperto de mão. No caso do inglês, especialmente daquele que poderíamos chamar de “corporativo”, é preciso, igualmente, “vestir” o figurino e absorver a forma de pensar focada, sintética, objetiva e direta da cultura corporativa das empresas que usam o inglês como língua predominante. Qualquer filme americano sobre temas empresariais mostra isto. É prestar atenção.
- A fluência
Existe o mito de que haveria uma “fluência” perfeita. Fluência perfeita é coisa que não existe em nenhum lugar do mundo pela simples razão de que a fluência é um fenômeno relativo. Ninguém, nem um nova-iorquino ou um londrino, jamais vai ser completamente fluente em todos os contextos de uma língua como o inglês, que é falado de muitas maneiras diferentes ao redor do mundo. Você poderia ter o inglês como sua língua nativa e ainda assim não entender um motorista da Austrália descrevendo o tempo ou um professor de matemática falando sobre equações.
A língua é uma coisa viva, sempre mudando e em constante evolução. A “fluência”, assim, depende do contexto e do ambiente cultural em que a língua é utilizada.
Isto posto, é perfeitamente aceitável se sua fluência em inglês conseguir explicar seu pensamento, ainda que, para conseguir isto, você precise dar algumas voltas ao usar sua linguagem.
- A medida da fluência
Alexander Arguelles, um especialista que dedicou sua vida ao aprendizado de línguas, acreditava que se pode definir o grau de domínio de uma língua com base em um conjunto de “patamares”:
– 250 palavras constituem o núcleo essencial de uma língua e sem as quais não é possível construir frases simples e coerentes.
– 750 palavras constituem o núcleo do vocabulário usado todos os dias pelas pessoas que falam a língua.
– 2.500 palavras constituem o “núcleo da fluência”: conhecendo este número de palavras você conseguirá expressar tudo o que você possa querer dizer, ainda que, as vezes, tenha que “dar voltas” e utilizar circunlóquios explicativos.
– 5.000 palavras constituem o vocabulário ativo dos que falam o idioma de forma corrente, mas que não tem ensino superior.
– 10.000 palavras constituem o vocabulário ativo dos que falam o idioma de forma corrente e dominam terminologia adquirida no ensino superior.
– 20.000 palavras constituem o vocabulário erudito e que você precisa reconhecer passivamente, a fim de ler, compreender e apreciar uma obra literária, um romance ou um livro de ficção.
Aprendendo a ser fluente em inglês com o Google
Se você tem um domínio básico da língua, é possível ganhar fluência rapidamente com a adoção de um método simples, fácil e rápido (e gratuito) tomando por base os “patamares” de Arguelles e usando o Google Translator como apoio. Vejamos um passo-a-passo prático:
1. Comece a formar sua lista básica
Vamos para a ação: liste suas 250 primeiras palavras. Em uma planilha, ou até num caderno, faça cinco colunas. Na primeira você escreve em inglês as palavras que você já conhece. Pode começar com as seis da frase mais conhecida: the book is on the table…Na segunda coluna escreva a pronúncia; na terceira coluna você escreve o significado em português; na quarta você identifica gramaticalmente a palavra: substantivo, verbo, adjetivo, advérbio, etc.; na quinta você escreve uma frase usando a palavra listada.
Se você não conseguir 250 palavras em inglês nesta primeira iniciativa, vá para o próximo passo e, na coluna apropriada, escreva as palavras em português que você considera importantes na sua comunicação do dia a dia. Inclua verbos indispensáveis como “eu vou” (I go) “eu venho” (I come) “eu compro” (I buy), eu trabalho (I work) eu como (I eat).
Aí você vai ao Google, entra no tradutor (as vezes fica escondido naquele cubo de seis pontos que fica no canto superior direito), selecione português na primeira janela e inglês na segunda, e, na primeira janela, escreva a palavra em português. O resultado, em inglês, vai aparecer na janela da direita. Copie a grafia na sua primeira coluna do seu caderno ou planilha. Ainda no Google, clique no ícone do alto-falante, no rodapé do quadro, ouça a pronúncia e escreva como pronunciar na segunda coluna.
Suponhamos que você queira pesquisar a palavra “almoço”: Depois de escrever na janela da esquerda você vê, na direita, a expressão “lunch”. Aproveite para observar que, abaixo do quadro, aparecem outras versões possíveis, como “luncheon” (pronuncia-se “lanchen”) e “tiffin”, que é uma forma rebuscada de dizer almoço leve.
Na sequência vá ampliando para o patamar das 750 palavras. Ao chegar a este número comece a cruzar estas palavras entre elas: um substantivo – um verbo – um adjetivo. Escolha um termo chave e comece a formar “clusters” ou “agrupamentos”. Sempre checando a pronúncia e o significado no Google. Esta checagem vai ajudar a evitar confusões e os falsos cognatos, palavras geralmente derivadas do latim e que existem em inglês e português.
Apesar das diferenças entre as duas línguas, ambos os idiomas têm palavras que se assemelham na escrita ou no som. Algumas dessas palavras semelhantes possuem, de fato, o mesmo significado nas duas línguas, como television e computer, que, claro, se traduzem por “televisão” e “computador”, respectivamente. Essas palavras, que têm semelhança ortográfica e o mesmo significado nas duas línguas, chamam-se cognatos.
Entretanto, existem outras palavras que, embora semelhantes, diferem completa ou parcialmente quanto ao significado. Estes palavras são conhecidas como “Falsos cognatos”. Uma pequena lista para ilustrar o cuidado a ser tomado com estas palavras traiçoeiras:
- – Actual – significado em inglês: real, verdadeiro, e não “atual”;
- – Actually – significado em inglês: na verdade, de fato, e não “atualmente”;
- – Adept – significado em inglês: perito, profundo conhecedor, e não “adpto”;
- – Agenda – significado em inglês: Assuntos do dia, pauta do dia, pauta para discussões, e não “agenda”;
- – Alms – significado em inglês: “esmola”, e não “almas”;
- – Alumnus – significado em inglês: ex-aluno já formado, e não “aluno”;
- – Amass – significado em inglês: “acumular”, “juntar”, e não “amassar”;
- – Anthem – significado em inglês: “hino” e não “antena”;
- – Apparel – significado em inglês: “roupas”, “vestuário” e não “aparelho”;
2. Formação de “clusters” ou “agrupamentos”
Um método muito útil é o da formação de “clusters”. Funciona assim: você escolhe uma palavra chave e constrói um conjunto de frases em volta. Por exemplo, “love”. Você vai no Google Translate e descobre quais os significados e usos da palavra. Para cada uso você faz, ou copia do texto, uma frase.
“Love” Como substantivo:
“babies fill parents with intense feelings of love”
Para ouvir a pronúncia, você seleciona a frase e copia em cima, na caixa da esquerda, clicando, em seguida, no ícone do alto falantes na parte de baixo da caixa de texto.
Abaixo da caixa, no campo à direita, o Google mostra outros significados para o substantivo “love”: amor, paixão, afeição, afeto, ternura, cupido, dedicação, pessoa amada.
“Love” como verbo
“do you love me?”
Outros significado possíveis para o verbo “to love”: amar, adorar, gostar de, querer, sentir prazer, sentir afeto
Observe que abaixo da caixa de tradução estão os possíveis significados. E à direita, outros sinônimos, agora em inglês.
Para a palavra “love” aparecem:
“amor” – e depois – love, heart, darling, sweetheart, flame e sweeting
Clicando em “darling” abre uma nova caixa de tradução e assim sucessivamente.
A ideia deste exercício é buscar entender os diferentes significados e diferentes ângulos como o vocábulo é usado. No caso da palavra “love”, embora signifique também “amor” em português, seu emprego em inglês é mais amplo e pode definir sentimentos uma amizade sincera e uma grande admiração.
II – O grande dia – A entrevista em inglês.
Você vai desejar estar calmo e seguro de seus desempenho, o que requer estar o mais preparado/a possível.
Planeje sua entrevista:
- Verifique seu “kit entrevista” (currículo, cartão, caneta, bloco de anotações, lenço, uma garrafa de água, as chaves de respostas planejadas, etc.).
- Certifique-se do endereço com antecipação. O melhor é passar pelo local na véspera para garantir que você sabe como chegar, onde estacionar (se for de carro) e “sentir” o clima do espaço.
- No dia, chegue cedo. Um meia hora antes. Mas se apresente cerca de 10 minutos antes da hora da entrevista. Assim uma eventual demora na recepção não vai elevar sua ansiedade.
- Relembre o nome do entrevistador ou da equipe de entrevistadores (tenha um cartão com os nomes anotados). Cuidado com a pronúncia dos nomes, especialmente e forem estrangeiros.
- Vista-se conforme o estilo da empresa. Se não sabe, pergunte para o RH.
- Não use perfume. No máximo uma água de colônia ou um desodorante bem leve.
- Evite chegar suado. Se preciso, lave o rosto e as mãos no toalete antes de entrar. Use o lenço para enxugar as mãos e prepará-las para os cumprimentos.
- Desligue o celular (muito importante), feche os olhos por um momento, respire fundo, e relaxe.
- Caminhe com passos firmes, faça contato com os olhos e aguarde que o entrevistador estenda a mão para os cumprimentos.
- Se estiver com uma pasta, procure colocá-la sobre outra cadeira. Evite colocar no chão.
- Responda as perguntas sem atropelo, com voz pausada e audível.
Como preparar as respostas para entrevista:
A menos que você tenha pleno domínio da língua, o que, se fosse caso, não justificaria ler este artigo, o melhor meio de começar uma entrevista é começando em terreno conhecido. E usar frases preparadas com antecedência para serem utilizadas em assuntos que serão abordados na maioria das entrevistas
A primeira frase de cumprimentos é, geralmente, do entrevistador. Ele dará as boas vindas ou algo assim. Em sua primeira resposta, comece com uma frase pronta e bem ensaiada. Por exemplo, “nice to meet you” ou “it’s a pleasure to meet you.”
Prepare e treine com antecedência a resposta a algumas prováveis perguntas que surgirão em entrevistas em inglês:
- – “Tell Me About Yourself” – Fale-me sobre você;
- – “Describe Your Current (or Most Recent) Position” – Descreva sua atual ou mais recente posição;
- – “Why are you leaving your current job?” – Porque você está saindo de seu emprego atual?
- – “Why are you looking for a new opportunity now?” – Porque você está procurando por uma nova oportunidade?
- – “What are your strengths?” – Quais são seus pontos fortes?
- – “What are your weaknesses?” – Quais são seus pontos fracos?
- – “What is your greatest weakness?” – Qual seu ponto mais fraco? (Esta é uma pergunta que as vezes surge como variante da anterior)
- – “How well do you work under pressure or tight deadlines?” – Como você trabalha sob pressão ou com prazos apertados?
- – “What do you do in your spare time?” – O que você faz em seu tempo livre?
- – “What do you think of working in a group? – O que você pensa sobre trabalhar em grupo?
- – “Why do you want to work here?” – Porque você quer trabalha aqui?
- – “Where do you see yourself in five years?” – Onde você se vê daqui a cinco anos?
- – “Why should we hire you?” – Porque devemos contratá-lo?
- – “Do you have any other skills of experiences that we have not discussed?” – Você tem alguma outra habilidade ou experiência que não discutimos?
- – “Do you have any questions for me?” – Você tem alguma pergunta que queira me fazer?
E não esqueça: Assim que possível, envie um agradecimento por e-mail. (Não para mim. Para seu entrevistador).
Sucesso!
Ceska – O digitaleiro