Para assegurar seu espaço de liberdade no Brasil digital, o cidadão deve ter um papel ativo nas novas práticas da democracia e na Governança do Estado. O cidadão, que, como eleitor, sempre foi bajulado por todos os partidos, agora pode e deve ser protagonista.
Esta é a única maneira de assegurar que o conjunto de instituições, costumes, políticas, leis, regulamentos e processos se mantenha fiel ao propósito de servir à sociedade.
Pela primeira vez na história, a cidadania dispõe de meios e tecnologias para exercer, em tempo real, um controle efetivo sobre o Estado e seus gestores. A tecnologia digital criou os meios pelos quais, pela primeira vez desde os tempos da democracia grega, o cidadão pode participar ativamente do governo e da governança do Estado, influindo diretamente nas decisões e acompanhando diretamente o comportamento de seus representantes e prepostos – políticos, burocratas e servidores – na função que recebem de administrar do país e de seu futuro.
Ademais, o cidadão conta hoje com os meios para evitar que os desvios de função, a corrupção, a negligência, a imprudência e a imperícia comprometam o desempenho do país e frustrem as legítimas expectativas da sociedade.
Este seu papel proativo é mais do que um direito. É uma responsabilidade. É um encargo alinhado com o princípio elementar do direito conforme expresso no princípio do “Dormientibus non succurrit jus”, que significa, na tradução para o português: “o Direito não socorre aos que dormem”. Então, para o cidadão que quer o melhor para seu país, dormir não é opção.
Assim como não é opção terceirizar seu futuro para os políticos à espreita dos cochilos da sociedade.
O mais positivo desta crise sem precedentes é que os cidadãos estão tomando consciência de que precisam assumir um protagonismo no direcionamento das soluções e na construção de seu futuro.
Na medida que os cidadãos começam a assumir seu papel e se organizar de modo espontâneo e voluntario, a primeira regra deve ser estabelecer que as regras do passado não valem mais. No século XXI devem valer os preceitos do novo século. Simples assim.
Regras baseadas em conceitos ultrapassados são ultrapassadas e devem ser revistas.
As regras que ditavam os processos e procedimentos do passado atendiam interesses e tinham compromisso com as ideias, conceitos e concepções de seu tempo.
Os novos tempos não podem ser prisioneiros de obsoletismos e coisas que não fazem mais sentido. Especialmente, o país não pode mais continuar a pagar para manter um Estado paquiderme, entulhado de privilégios, velharias e estruturas do passado. Em outras palavras, é preciso coragem e determinação para rever tudo.
Em uma crise que se alimenta de obrigações constitucionais insustentáveis, de equívocos e corrupção e que cresce como um câncer; em uma crise que não vai se resolver sozinha, cabe aos brasileiros juntar-se ao largo de partidos e legendas, mas sob a bandeira verde e amarela, para tomar o futuro em suas mãos e sair a campo para dar sua contribuição sobre o novo projeto do Brasil. E a razão é simples: cada brasileiro que vive no Brasil realiza seu destino no Brasil.
Após uma sofrida via-sacra dos males do Império, da escravatura, da Velha República recauchutada no Estado Novo, tudo continua no mesmo lugar, agora sob o guarda chuva vermelho da esquerda. A crise é econômica, política, social e moral. Mas é também uma crise cultural e uma crise de futuro. O país está sem crenças, sem fé e sem rumo. Falta uma direção, um projeto. Faltam horizontes e perspectivas.
Para os brasileiros, especialmente as gerações mais jovens, a frustração está no Ar. A sensação que paira sobre a sociedade brasileira é a de que, a cada dia, o país piora mais um pouco. Como explicar esta crise? Como entender este Estado de desalento? E, mais importante, como sair da crise?
O debate sobre as causas é vasto, diversificado, e aponta na direção dos problemas crônicos do Brasil, como patrimonialismo e corrupção. Uma frustração adicional foi esta Constituição Embusteira de 1988 que, como vimos, não tem compromisso com a realidade, foi baseada em ranços ideológicos e recheada de compromissos irrealizáveis, abundante em promessas e escassa em seriedade.
Hoje cresce o consenso entre todos os que querem um Brasil em ordem que precisamos um novo projeto de país. E precisamos com urgência.
No caso da crise atual, além de todas as características do populismo demagógico de extração latino americana, feito de estultice atroz e recorrente, enfrentamos um assalto sistemático ao Estado por um grupo político inescrupuloso. No Brasil de hoje, como escreveu Roberto DaMatta, “roubar de povo é um belo projeto de vida.”[1]
Ceska – O digitaleiro
[1] DaMatta, Roberto – http://oglobo.globo.com/opiniao/sem-dias-velhice-crise-moral-15875080 – 15 de Novembro de 2015