Cabeças que vivem na idade média tem ideias medievais. (A propósito, cabeças da idade da pedra lascada tem ideias socialistas). A noção de que o mundo ainda vive mergulhado num contexto de soma zero – para alguém ter alguma coisa é preciso tomar de alguém outro – podia até fazer sentido na idade média. Mas hoje, no mundo dos robots, com capacidade de produção virtualmente ilimitada, muito acima da demanda, esse jogo de soma zero só pode ainda perdurar em cabeças que continuam impermeáveis à lógica da criação de riquezas que veio com a revolução industrial. Acontece que muitas destas ideias, e outras de mesmo tipo, ainda vivem no imaginário politico socialista e frequentam as arengas populistas latino-americanas. Com resultados trágicos, como podemos constatar de primeira mão no nosso caso brasileiro.
O que ocorre é que a revolução industrial ainda não existe para a grande parte da nossa população e, portanto, ainda não impactou o pensamento nacional. Muita gente, aqui nos trópicos, ainda não entende uma coisa simples: as máquinas automáticas produzem muito mais que trabalhadores humanos, fazendo produtos de melhor qualidade e muito mais baratos. Uma realidade que se pode observar em uma simples visita a uma loja de 1,99, onde se vendem produtos que viajam metade do mundo por preços que não se conseguiria fabricar na esquina.
As máquinas automatizam a produção, criam produtos e produzem riqueza. Este fato simples e elementar jogou no lixo toda a lógica mercantilista. Como em um passe de mágica, com um simples “abracadabra” o mundo passava a ter os meios de produzir quantidades ilimitadas de mercadorias e de gerar riquezas sem limites. Mas com uma condição: é preciso ter gente que saiba operar as máquinas, que saiba fazer funcionar os portos, que saiba gerir a complexidade das fábricas e empresas. Este o tipo de pessoas que precisamos aqui. E não mais burocratas insensíveis, arrogantes e prepotentes.
E como precisamos ter a fábricas, máquinas, matéria prima e infraestrutura antes de começar a produzir e a vender, precisamos de dinheiro na frente: o “capital”.
E foi para fazer muitas fábricas, ter muitas máquinas, ter muita matéria prima, treinar os operários e criar a infraestrutura que nasceu o tal “capitalismo”. Quer dizer, o “capitalismo” surgiu para que se pudesse produzir mais.
Mas esta sequência de passos “capitalista” é muito complexa para a cabeça latino-americana. Assim como para grande parte da esquerda e dos burocratas brasileiros. Um bando de mentecaptos iletrados que nada entendem de produzir. Apenas são bons em pilhar. Em tomar dos que produzem.
O fato é que a revolução industrial mudou as referências do mundo civilizado. Técnicas de produzir já estão dominadas. O que faltam são populações que saibam como se organizar para produzir e para fazer a distribuição desta produção. A própria ideia da “mais valia” comunista virou piada: qual a “mais valia” de um robot de produção?
A revolução industrial, ao permitir produzir em grande escala, gerar empregos e baixar o custo dos produtos, havia sido o evento mais importante da história da humanidade desde a domesticação dos animais até aquela data.
Com a organização da produção em larga escala, graças ao capitalismo, e com a prosperidade que veio com os ganhos de produtividade e com o investimento em novas tecnologias, a humanidade alcançou um patamar de bem estar jamais imaginado.
Mas, como o mundo continuou girando, avançamos em nossa jornada evolutiva até chegarmos na era digital. E nesta era de potenciais sem limites, a promessa da tecnologia é a de que temos todas as condições para sermos uma nação rica. Muito rica. No Brasil só continuaremos pobres por culpa dos pobres de espírito. Livremo-nos deles.
Ceska – O digitaleiro