Confúcio dizia: estude o passado se você quiser antecipar o futuro. Estudar para conhecer e saber o que deu certo e o que deu errado, obviamente, e não para ficar no passado. Conhecer para saber o que mudar. E, por outro lado, para saber que as mudanças, como as marés, vem e vão.
Uma lição importante a aprender do passado é saber que os tempos se movem e colidem como as placas tectônicas, provocando erupções, terremotos, maremotos e transformações. As vezes produzindo tragédias, outras simples acomodação entre os perdedores e ganhadores, mas sempre trazendo mudanças.
Os efeitos da evolução do tempo nas sociedades raramente é linear. O comum é as gerações diferirem em sua forma de pensar e ver o mundo. O hiato entre a atual geração e anterior, no Brasil, é profundo e bem marcado. Mais frequentemente, o hiato geracional ocorre pela chegada de novos conhecimentos e novas tecnologias, pelo esgotamento de conceitos e crenças, por procedimentos e práticas que se obsoletizam e se anacronizam.
Todavia, o que se observa agora é que as novas gerações digitais vem com algo realmente inovador e surpreendente: uma nova ética social e política.
Esta nova ética deixou as velhas gerações perplexas. O que mais assusta os seguidores das velhas práticas é que os jovens se mostram agressivamente indignados com o patrimonialismo e a corrupção. E não se mostram dispostos a contemporizar, como sempre se fez no país.
De certa forma houve grande indignação contra a corrupção em episódios de mobilização anteriores, como na eleição de Jânio Quadros e na revolução militar de 1964, mas foram movimentos predominantemente da classe média e da pequena burguesia e não contavam com a ancoragem que os jovens tem nas mídias sociais.
O processo de mudança que ocorre por sob a superfície vem pressionando o quadro político e social e esta pressão está destinada a continuar crescendo e deverá extravasar em algum momento futuro. A única hipótese da pressão refluir seria uma mudança completa dos quadros político, econômico e social. Hipótese remotíssima no atual contexto de desarranjo econômico e político.
A transformação em gestação tende a acontecer por meio de uma “mudança de pele”, ou “ecdise”, com a mudança do exoesqueleto institucional e social do Brasil atual.
Dá-se que este panorama ainda vigente permite entrever pelas pregas de seu esgarçamento quão magníficas são as possibilidades à nossa espera se conseguirmos nos livrar do entulho embolorado que obsta nossa caminhada.
O mundo mudou, os tempos mudaram, mas o desenho de nossas instituições segue os modelos do passado. São circunstâncias a lamentar, mas existem aspectos positivos.
No século XIX, uma carta levava meses para chegar à coroa. Hoje, uma mensagem de texto chega ao seu destinatário em segundos. E é daquele tempo modorrento que herdamos muito de nossos hábitos e costumes. Muito dos nossos vícios e de nossas idiossincrasias.
Deriva também desta evidente obsolescência de nossa estruturação social a convicção de que a oportunidade de mudar é agora. Enfim, como dizia Bertolt Brecht, “porque as coisas são como são, elas não vão ficar da maneira como eram”.
Para a geração digital, o momento mágico de colocar sua marca no mundo chegou.
A história nos oferece de bandeja a oportunidade de unirmos esforços para promovermos uma revolução tecnológica no Brasil.
Para chegar a este objetivo não basta passar a limpo a craca que se acumulou em nossa legislação arcaica e defasada. Seria apenas preparar o terreno. O há a fazer é escancarar as aspirações e as vontades e alinhá-las com os anseios dos brasileiros
O grande mutirão digital terá o condão de promover a catarse purificadora e, no seu desenrolar, atrair apoio amplo, lúcido e abrangente para passar o Brasil à limpo. Antes de consertar é preciso assear com solvente cívico este desvergonhado sistema de castas e privilégios que hoje discrimina e trata desigualmente os brasileiros.
Uma vez tomada a decisão de seguir o caminho para onde aponta o futuro, o passo seguinte é arregaçar as mangas.
Mudar a nação, convenhamos, não é tarefa para alguns poucos. Menos ainda, Deus nos livre, para uma “elite” política profissional – e para utilizar o jargão da moda, “operadores” políticos – acostumada a misturar o público com o privado. E que entende mudança como mais mordomias e mais privilégios.
Afinal, a mudança desejada pela sociedade brasileira, pela parcela que está nas ruas e na internet, é aquela que olha para o futuro. Deve buscar soluções que funcionem. Que sejam transparentes e fiscalizáveis pela sociedade.
Obviamente, não interessa à sociedade cair no debate estéril de formalismos caducos, no engodo da conversa fácil, na cortina de fumaça que quer cristalizar privilégios e facilitar o domínio político, em benefício dos espertalhões de colarinho branco e parasitas travestidos de pais da pátria.
A saída digital é, assim, tarefa para engajar todos. A tecnologia é apenas o meio, mas ela é que capacita os avanços. A tecnologia digital representa para a humanidade do século XXI o mesmo que a pedra lascada, o fogo, e a roda representaram para nossos ancestrais, em seu tempo. O mesmo que a invenção da escrita e da imprensa representaram no avanço da comunicação e do entendimento entre os homens.
Aquelas tecnologias guiaram os avanços do homem no rumo que nos trouxe à civilização e ao desenvolvimento. Foram tecnologias disruptivas, que abriram possibilidades antes inexistentes.
Reconhecer o que a tecnologia digital pode fazer para colocar o Brasil em um novo patamar civilizatório é a mais preciosa contribuição que as novas gerações brasileiras podem oferecer ao seu país.
Mas, como tudo o que é um dia fica grande, o começo é necessariamente pequeno. A ideia de um grande mutirão cívico, da conscientização digital, é hoje uma semente. Mas o DNA da grande transformação digital já estará nela.
De fato, a forma ideal de mobilizar a nação para a empreitada da reforma é fazer um chamamento à um mutirão nacional amplo e irrestrito. Abrir espaço para que nossa inteligência e nossa ação coletiva, para nossa decantada capacidade de imaginação, criatividade e aglutinação social criar as condições para que possamos desenhar a nação que queremos.
O povo que veste verde e amarelo, que se orgulha das cores de seu país nas ruas, é fenômeno que não refluirá enquanto o país institucional não se configurar segundo as expectativas e demandas do país real.
A sociedade que está nas ruas quer mais que mudanças. Quer futuro. As novas gerações sabem que seu destino, que suas vidas, serão decididas neste embate.
Ao longo de suas existências dificilmente terão outra chance. Esta certeza as mobiliza. É a vez de sua geração, é a vez delas.
Sabem que o preço das mudanças é o esforço da mobilização. Se não se mobilizarem, se não se empenharem, enfim, se não tomarem partido, estarão fadados a gastar seus anos futuros em vidas mesquinhas. Estarão reduzidos à horizontes medíocres, à uma perspectiva tacanha, de sobrevivência restrita.
O governo petista é incapaz de juntar as peças para criar um plano de país viável. Hoje o que sobrou é discurso ôco. Tentam disfarçar a crise culpando até os elfos e os faunos. Tudo o que ainda tem em seu saco de maldades vazio é mais crise, tudo o que tem a oferecer são mais anos de frustração, sufoco e decadência.
O Brasil está estiolado, sem espírito, frustrado. Nosso país não se sente bem consigo mesmo. E a primeira razão é que esta crise vem na contramão das promessas e esperanças. O doloroso é saber que, se não tivermos logo lideranças competentes, tudo o que podemos esperar serão décadas perdidas. É doído demais para tolerar. A bazófia, a fanfarronice, a mentira fazendo um cortina de fumaça para manter intocados privilégios indecentes, desperdício perdulário, equívocos, corrupção, parasitas e projetos políticos demagógicos, patrimonialistas, tolos, fúteis.
O que é certo é que as gerações digitais tem poder para mudar este destino encomendado pelo bruxo do pixuleco. O poder de fazer aqui e agora o mundo que sabem que existe em outras terras. Um mundo que pode ser nosso sem migrarmos para outros países, sem precisarmos deixar família, amigos, sonhos, amores, nosso recanto natal.
Nossas novas gerações se tornaram uma diáspora do esbulho à brasileira. Milhares de brasileiros foram e, ainda são, forçados à migrar pela miopia de governos dilapidadores, pela maior obtusidade córnea, pela mais indigente ignorância.
É realmente um crime de lesa-pátria roubar o futuro da juventude brasileira e obriga-la a migrar para ter um futuro em outro país ou continente. Assim, ainda que fosse só por isso, é preciso mobilizar o país. É hora de dizer um basta às alianças espúrias entre as velhas oligarquias e os piratas de inspiração ideológica cubano-bolivariana.
É preciso desmascarar os políticos oportunistas, corruptos e malandros que buscam encurralar o povo com estratégias desavergonhadas de atemorização e mentiras. Alguns até ressuscitando vozes buscadas nas criptas para lançarem seu bafo pútrefo contra o futuro do Brasil.
As novas gerações querem o Brasil no primeiro mundo. Querem qualidade de vida e, sobretudo, qualidade de sonho. Querem ver aqui o progresso que os inspira nos Estados Unidos, na Europa, na Oceania ou no Japão.
A geração digital está cansada de esperar que os paquidermes analógicos se emendem, se movam ou saiam do caminho. Então é bom que se apressem. O que está claro como o sol do meio dia é que as ruas estão tomando o futuro em suas mãos.
Portanto, gostem ou não os parasitas do Estado brasileiro, os tecnocratas, os burocratas, os roliços sátrapas e marajás: a mudança vem se acercando com a celeridade online, impulsionada pela energia dos fótons que viajam na velocidade da luz.
Breve, aqui, um novo país, com qualidade de sonho.
Ceska – O digitaleir0