O grande trunfo desta geração digital é que sabe abrir caminho a golpes de mouse.
Felizmente, são mais hábeis, rápidos, mais criativos e mais ágeis no manejo da internet e da rede mundial do que os burocratas profissionais e oportunistas de plantão. Estes se esforçam, mas não conseguem criar obstáculos e dificuldades na mesma velocidade. Os criadores de dificuldades profissionais tem ampliado sua performance no disparo de normas, restrições e exigências. O testemunho é dos Diários Oficiais, que tem engrossado com o ritmo das metralhadoras normatedeiras. Contudo, o mundo digital é mais ágil. Quando os burocratas chegam com suas garras, o alvo já não está mais lá. O jogo de esconde-esconde seria hilário se não fosse tão caro.
Mas como é que estes coveiros do progresso iriam acompanhar e deter os avanços do mundo virtual se seus tridentes ficam enredados em suas capas de vampiros analógicos?
A força do Século Digital está na velocidade, na resolubilidade, na capacidade de armazenar e consultar informações, na capacidade de simular cenários e fazer escolhas, enfim, na capacidade de pular na frente. As soluções, sistemas e aplicativos vem de todos os lugares e voam em volta dos políticos e burocratas com a precisão de morcegos em sua caverna. Os políticos e burocratas ficam zonzos, atordoados, aparvalhados. Os vultos digitais zunem velozes e os circundam e os envolvem e eles vão ficando cada vez mais ilhados, cada vez mais presos nas teias digitais, cada vez mais tontos e patéticos.
As coisas acontecem em velocidade alucinante. Todo dia novos dispositivos, novos aplicativos, novos espaços, novas soluções se apresentam ao mundo.
A automação, o big data, a computação em nuvem, as mídias sociais, a conectividade, a “internet das coisas”. A lista não tem fim. E cresce sem parar. Em todos os campos, uma miríade de novas tecnologias vem mudando o mundo de modo implacável. E estas tecnologias vem em avalanche e com força avassaladora. Quem ficar em seu caminho será atropelado.
O mais importante, para o Brasil, é que este futuro está pronto para ser usado. Novos modos de entender e lidar com a realidade estão ao alcance e à disposição das mentes mais iluminadas e mais capazes para sua adoção.
Tecnologias que podem ajudar o homem a inspirar-se, a viver melhor, a ganhar qualidade de vida, a se livrar da pobreza, da escassez e das carências que o acompanham desde sempre. E, particularmente importante no caso do Brasil, a se livrar dos burocratas, parasitas e criadores de dificuldades interessados em vender facilidades.
E a vantagem relativa do Brasil, fator que favorece a saída da “crise pixuleco” pela porta da tecnologia digital, é que o Brasil reúne uma das maiores, mais criativas e mais ativas comunidades com know-how das tecnologias digitais do planeta.
Seis em cada dez brasileiros se conectam diariamente à internet. E o fazem para cortar etapas. Os smartphones, os tablets, os notebook e dispositivos móveis dispensam a infraestrutura mais dispendiosa das redes baseadas em cabos. Esta facilidade de conexão, que em princípio seria uma desvantagem dado nosso extenso território e nossas limitações econômicas, acaba se revelando um benefício ao criar condições ideais para a adoção da estratégia digital como caminho para a recuperação do país.
Ao invés de lamentarmos as mazelas que nos trouxeram a esta crise sem precedentes, podemos transformar o limão em uma limonada e converter nossa atitude de lamentação e crítica em um vigoroso impulso para o ressurgimento. Sobretudo porque estamos preparados.
Outro ponto a favor da saída pela tecnologia digital é que a nova geração tem pressa. Os jovens, nativos da era digital, sabem que as soluções do mundo digital são rápidas e podem apresentar resultados “para ontem”.
Enquanto os burocratas pensam em termos de “amarrar seu burro na sombra”, os jovens da geração digital pensam em termos de alcançar as nuvens. Sua aspiração está centrada em objetivos que possam ser alcançados em um mundo mais amplo, que conhecem pela janela online. Todos buscam o sentimento de realização pessoal que vêm em seus contemporâneos de outros lugares do mundo; desejam viver de modo saudável, obter sucesso, alcançar a prosperidade e ter segurança, como eles. Desejam fazer amigos entre as pessoas com que convivem, mas também cultivar amigos com quem possam compartilhar sonhos e interesses pelas mídias sociais. Desejam, ainda, dedicar esforços na realização de seus projetos, viver em harmonia com sua família e sua comunidade e desejam um futuro melhor. É isto o que querem. É por isto que lutam. São desejos simples, mas que só podem ser alcançados em um contexto pleno de liberdade.
Para as novas gerações, focadas em seus objetivos, bem preparadas e ambiciosas, protelar, enrolar e empurrar com a barriga não faz parte de seu dicionário.
Para elas o momento é agora. Reconhecer que o Brasil foi colocado pelo destino diante de uma encruzilhada que permite decidir e avançar é um estímulo para a união de esforços e de empenho criativo. Horácio, o poeta Romano, o dizia: “A adversidade tem o efeito de despertar talentos que em circunstâncias mais prósperas ficariam dormentes”.
Assim, se o Brasil souber mobilizar suas forças criativas e inovadores, tomando o rumo certo, irá não apenas dar a volta por cima. Poderá revelar seus potenciais ocultos e transformar-se na nação líder na adoção de um novo jeito de fazer um país.
Com a coragem e o descortino de sua gente mobilizada, o Brasil pode tornar-se a primeira nação digital do mundo. As condições materiais e humanas existem. O conhecimento existe. A vontade política já maturou em grande parte da sociedade brasileira e, pelo que indicam as tendências, o futuro virá no bojo de um debate franco e aberto por todo o país.
A ideia é que o debate sobre o Brasil Digital aborde os problemas do mundo real com objetividade. O debate deve se propor a identificar os equívocos, os abusos, os desvirtuamentos, as dificuldades criadas para vender facilidades e os desvios de conduta com o intuito de apontar as falhas e tirar do caminho o entulho burocrático e o lixo parasita que “está aí”.
De fato, para esta geração da mudança chega de o país dar tiro no pé e depois reclamar que está difícil caminhar. E chega do Estado tratar o cidadão com suspicácia e desrespeito.
A era digital chegou e o Brasil vai mudar a golpes de mouse. Rapidinho. Antes que muita gente imagina.
Ceska – O digitaleiro